sexta-feira, 25 de março de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
poeta de meia-tigela
sexta-feira, 11 de março de 2011
AQP
A verdade é que não tenho saudades tuas, mas tenho pena de nunca poderes ter sido mais do que uma cicatriz na minha vida.
Oiço a tua voz e a turbulencia apodera-se do meu corpo,como gostava que ela vivesse para além de uma pequena gravação. As tuas mãos gordas e quentes envolvem-me como um porto de abrigo,sinto-te. As lágrimas cobrem os meus olhos de nevoa até á cegueira,querem cair mais uma vez na campa da tua memória. Lembro-me desse dia como uma curta em camara lenta, um mar de caras que eu nunca provavelmente veria mergulhava os olhos no buraco erminente que ali se apresentava.
Tenho brancos dessas 24h, talvez o meu cérebro as decidisse apagar de modo a anular algo que nunca deveria ter acontecido. Espero que um dia tenhas orgulho em mim, na pessoa que me tornei e grande parte dela deve-se a ti.
Até agora não fiz nenhum feito glorioso na minha passageira existencia,nem creio que alguma fez o farei. Estas perguntas conversam com a minha sombra a todo o momento, enquanto tomo café, quando fumo um cigarro ou quando olho para o tecto á espera que algo divino aconteca.
O onde estás atormenta-me e o não saber dá-me inseguranças aquanto os meus valores e crenças.
No entanto tenho pequenos traços no meu coração desenhados por ti. Lembro-me muitas vezes deles e tenho a pura certeza que muitos ficaram suspendidos á espera de serem novamente colhidos e guardados.
Sei o homem que foste,os teus pecados e os actos de boa fé.
Sei que se ainda pertencesses a este mundo, a sequençia dos eventos teria sido diferente e completamente desconhecida para mim. Ganhei muitas coisas com a tua ida,mas muitas vezes ainda voltas para me roubar certezas.
Tenho mil pontos de interrogação para ti e até hoje nenhuma resposta,de mim levaste o que pudeste e eu permaneci na inocencia da minha infançia roubada.
Cresci, consciente do que perdi e isso ainda me doí mais do que o dia em que partiste. Muitas vezes ignorei a tua ausençia usando a minha meniniçe, enchendo a minha cabeça de desculpas por não estares ali,neguei isso durante muito tempo até ao dia em que voltei a enfrentar-te pela ultima vez neste mundo. Não queria acreditar que teria que reviver tudo outra vez, o vazio, a morte a respirar no meu pescoço. Quando te socorreram da tua tumba,já não eras tu, apenas restavam ossos duros de um cadáver sem fundo. Mesmo assim quando os vi subergir um deja vú de sentimentos trespassou o meu corpo como um furacão deixando apenas destrocos e lágrimas sem socorro. Porque?
Quero meter pontos finais nisto mas os meus dedos só cospem vírgulas. Até a um dia, pois não tenho uma data segura ,pai ;
"I'm sorry for blaming you for everything i just couldn't do"